Rio do Esquecimento, de Isabel Rio Novo
Autor: Isabel Rio Novo
Editor: D.Quixote
Nº de páginas: 158
Romance Finalista do Prémio Leya 2015
«Rio do Esquecimento" foi um daqueles livros que achei uma verdadeira delícia ler. Ainda que, a princípio, as descrições bastante longas e palavras difíceis e, na sua maioria, desconhecidas, tenham dificultado um pouco a leitura, com o avançar da narrativa este estilo começou a entranhar-se. Viajamos até ao Porto de meados do século XIX, quando um português regressa do Brasil com uma fortuna considerável. Está doente e decide vir morrer na cidade onde nasceu. Tinha deixado para trás uma filha bastarda que, de um momento para o outro, se vê obrigada a aprender novas condutas de vida. A ter um marido, por quem ela se apaixona perdidamente. E a história estaria assim encaminhada para um final feliz, se a paixão por ela sentida fosse correspondida. É em torno deste enredo e dos seus desenvolvimentos que a narrativa gira, de forma não linear. Aliás, uma das coisas de que gostei neste livro foi a alternância que a autora utilizou para nos fazer saltar nos anos, nos acontecimentos, tornando a história mais cativante. O princípio e o final cruzam-se, sempre com a autora a introduzir pequenas/grandes surpresas. Felizmente o fio condutor manteve-se durante o enredo, não dificultando assim a minha leitura. Outra coisa que me cativou foi que este livro não é, todo ele, uma história de amor romântica e sofrida. A maldade foi um dos traços fundamentais que me fez agarrar ainda mais às páginas. Como tantas vezes acontece basta uma só pessoa para envenenar quem está em redor, manipulando e causando uma espiral de traição, crime e morte.
Aconselho vivamente a leitura deste romance, que tem a capacidade de elevar o nível de vocabulário, já para não falar na forma como nos ensina a ler com calma, apreciando, verdadeiramente, o seu conteúdo.»
Carolina Mesquita, 12ºA
Nem todos nos adaptamos a qualquer livro . Alguns têm preferência pelos livros de crime e outros pelos livros românticos. Uns são complicados de ler, outros são mais simples. Ora, os gostos contam muito, porém escolher um livro com o qual nos identificamos é o essencial para o começo de muitas leituras.De todos os livros que eu já lera , definitivamente este era o mais complicado. A nível de linguagem , o vocabulário era tão complexo , o pormenor dos locais onde se iria passar o enredo era extenso e, ainda para mais, a narradora saltava anos como num círculo vicioso, o que me fazia perceber o quanto este livro era diferente de todos os outros que já lera .
Como dizia Fernando Pessoa, " Primeiro estranha-se e depois entranha-se". E foi isso que me aconteceu. Dei a minha primeira leitura , entusiasmada porque achei o título intrigante, dei uma segunda leitura e comecei a mergulhar no romance e imaginar tudo como se fora um filme.Voltamos para o Porto, no século XIX . Miguel Augusto voltava do Brasil doente com o objetivo de concretizar os seus últimos desejos antes de morrer: Conhecer a sua filha Teresa e casá-la, e fazer o maior investimento em nome da família para ser reconhecido em gerações futuras.Contudo, a autora deixou uma imensidão de surpresas durante a jornada desta história, e terão de ler o livro para descobrir.
Não é como os romances com um final feliz, ou livros com um herói. No fundo não existe uma personagem principal, a autora cruza a vida de todos os protagonistas, revelando através de atitudes que estes têm as respetivas personalidades, o que nos leva a refletir que nem todas as pessoas são boas, e nem todas são más . E todas as personagens fazem de tudo para que o seu nome seja reconhecido . No entanto, todos eles acabam por morrer, caindo no esquecimento e tudo que foi feito foi em vão.
Assim, como a passagem do rio transmite a ideia da efemeridade da vida , tudo passa , nada volta atrás, no fundo, todos nós acabaremos por ser esquecidos, ou apenas ficamos como uma lembrança na memória de outros.Este livro ensinou-me que uma boa leitura tem que ser calma, apreciando-se cada palavra , esquecendo tudo à nossa volta para poder assimilar o conteúdo e percebê-lo.
Lara Leite, 12ºA