Supergigante, Ana pessoa
Supergigante, de Ana Pessoa, foi editado pela primeira vez em maio de 2014 pela editora Planeta Tangerina.
Este livro conta a história de Edgar, um rapaz de dezasseis anos, que vive o melhor e o pior dia da sua vida em simultâneo, numa corrida contra tudo e contra ele próprio. Tudo começa com um fim de tarde com os amigos a saltar do pontão, gritando palavras começadas por “g”. É no regresso a casa que Rígel (a alcunha de Edgar, devido à sua composição para a disciplina de Geografia sobra a estrela com o mesmo nome) é informado da morte do avô. “Eu saltava para a água enquanto o meu avô saltava para a morte” é o pensamento que ocupa a mente de Rígel quando se apercebe de que realmente o avô não estará mais presente, e que ele próprio não recorda muitos momentos que tenham passado juntos como típicos avô e neto. Entretanto, os pensamentos de Edgar tomam outro rumo, e conhecemos Joana, a sua paixoneta, que ocupa o lugar à sua frente na sala de aula, tem covinhas nas bochechas e um espacinho entre os dentes. Somos inteirados de experiências variadas por ele vividas, boas e más, através de pequenos flashbacks que vão e vêm enquanto ele corre sem parar e sem destino. Chegamos depois ao passado mais próximo, o seu primeiro beijo com Joana à porta do seu prédio e o funeral do avô, situações que contrastam emocionalmente e originam toda esta confusão na sua mente. É nesta corrida que acabamos por nos encontrar envolvidos e perdidos nos pensamentos de Rígel.
Gostei muito deste livro. É uma história sem grande lógica, anda-se aos avanços e recuos através do tempo, como se estivéssemos realmente na cabeça de Edgar, a acompanhar o que ele pensa, o que é interessante, pois apresenta-nos uma nova maneira de ver o mundo, da perspetiva de um adolescente a descobrir o que o rodeia. Parece que somos transportados para uma realidade diferente, a realidade do Rígel, com os seus problemas e pensamentos de que passamos a fazer parte e a partilhar. A dada altura, estamos tão embrenhados na história que sentimos o que Edgar descreve, como quando parte o nariz ou está cansado de tanto correr. Chegados ao fim do livro, e despedindo-nos tristemente de Rígel, podemos interpretar a sua corrida como uma corrida mental, em que percorre estradas de recordações, planos e desejos. Uma corrida infinita que só acaba nos limites mais distantes da imaginação de Edgar. E da nossa.
Helena Rodrigues, 8ºB, nº10