Não matem a cotovia, Harper Lee
Autor: Harper Lee
Título: Não Matem a Cotovia
Editora: Europa-América
Data da edição: 1960
Número de páginas:272
Assunto/Sinopse
Durante os anos de 1930, no seio da Grande Depressão americana, Atticus Finch, advogado numa pequena cidade do sul dos Estados Unidos, recebe a dura tarefa de defender um homem negro acusado de estuprar uma jovem branca.
Esta história é narrada através do olhar atento, curioso e inocente de Jean Louise, filha mais nova de Atticus, que descreve não só o racismo como também o preconceito que caracterizam as relações humanas numa pequena e conservadora comunidade.
Apreciação crítica/Impressões de leitura
Adorei todos os aspetos do livro, desde a historia, às personagens, à escrita e mesmo o título, repleto de profundidade e simbolismo que tornaram este clássico da literatura norte-americana um dos melhores livros que alguma vez li.
A história aborda não só o racismo como essencialmente o tema do respeito tanto pelas diferenças que caracterizam as pessoas e as suas opiniões, como também pelos mais velhos e pelo espaço dos outros. Também se relacionam outros problemas como a educação, o estatuto social e o limitado papel da mulher na sociedade da época.
A história é narrada do ponto de vista de Jean Louise (Scout para os amigos e familiares), uma criança de 6 anos cujo crescimento acompanha a narração, o que confere e acrescenta ao livro a inocência e honestidade características de alguém da sua idade. A sua narração também nos leva a questionar o porquê de complicar as coisas mais simples, facilmente compreensíveis por Scout. “Eu penso que só existe um tipo de pessoas. Pessoas.”
Também o facto de ser narrado por uma criança torna o livro mais divertido, apesar do tema abordado ser bastante profundo, existindo um balanço entre os momentos de maior emoção, injúria e indignação com os vários momentos de humor e comicidade existentes ao longo do livro.
Um outro aspeto positivo são, sem dúvida, as personagens, todas muito bem desenvolvidas, retratando os diferentes tipos sociais da época marcada pelo preconceito e crueldade. Acho quase impossível não desenvolver um carinho especial por Scout, uma menina extremamente curiosa, doce e inteligente em relação à sociedade em que se insere.
Também Atticus é uma personagem inesquecível demostrando uma enorme coragem, não ficando calado perante a injustiça e lutando contra tudo e todos na esperança de defender aquilo que sabe ser humanamente correto. Além disso, gostei da afeição que Scout e o irmão têm pelo pai, tentando reter todas as suas lições de vida ainda que não as compreendem ou sequer concordem.
Adorei este livro, sem dúvida intemporal, e aconselho vivamente a sua leitura e principalmente a reflexão sobre a sociedade em que nos inserimos. Será difícil um outro livro superá-lo assim tão breve.
Citação preferida:
“Coragem é quando sabemos que estamos vencidos antes de começar, começarmos, apesar de tudo, e irmos até ao fim, aconteça o que acontecer.”
Oceana Fernandes, 9ºA-S
Data de leitura: fevereiro 2018